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Ibovespa, Regressão à Tendência – Uma Visão Histórica

Embora não devemos nos prender tanto a história para buscarmos soluções para problemas futuros, não é sábio simplesmente ignorá-la.

“Aqueles que não aprendem com a história, estão condenados a repeti-la” – George Santayana

Deste modo, estaremos voltando ao ano de 1994 neste artigo. Mais especificamente no mês de julho, período em que a inflação no Brasil saiu de patamares elevados (40% ao mês) para menores valores, comprovando o sucesso do Plano Real.

Nosso objetivo será olhar para o movimento do Ibovespa desde este período até os dias de hoje, analisando quando e quanto o índice da bolsa brasileira se desviou de sua tendência principal. Análise curta, simples e útil para quem investe com o pensamento no longo prazo.

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O gráfico acima pode conter muitas informações. Por este motivo, vou listar abaixo alguns parâmetros utilizados e o que podemos aprender com esta análise.

Parâmetros

1. Ibovespa Real em escala logarítimica. Descontei mensalmente a inflação do índice bovespa para que os desvios em relação à tendência se apresentem mais suaves. Ademais, usei a escala log para facilitar a visualização da evolução do Ibovespa, importante padrão adotado em gráficos de longo prazo.

A linha em azul mostra a evolução do ibovespa real e a linha vermelha mostra a regressão do índice. Esta linha é uma suposição de como o índice se comportaria tendo um retorno mensal constante ao longo do tempo.

2. Desvio em relação à tendência. Como podemos observar no gráfico abaixo (área, em verde escuro), temos os valores dos desvios percentuais do ibovespa em relação à sua própria regressão. Realcei períodos em que os desvios foram extremos, tanto positivamente, como negativamente.

Análises

1. Valor negativo Atual.

Temos, hoje em dia, um desvio negativo [-1,86%] em relação à tendência do ibovespa desde 1994. Isso significa que o atual patamar da Bolsa está abaixo de sua tendência histórica.

Antes de pensar: “Então está barato? Já posso fazer as compras de fim de ano na Bolsa?” fique calmo…Lembre-se que se um índice subiu 30% ao ano nos últimos 16 anos, isso não quer dizer que se ele “só” subiu 25% este ano, ele está barato. Ou seja, tudo no mercado financeiro é relativo

Retorno Nominal e Real do Ibovespa desde 1994

O Ibovespa teve um retorno nominal nos últimos anos em torno de 20% e um retorno real em torno de 11%. Os dados, assim como minha visão ligeiramente pessimista em relação a estes números para os próximos 10, 15 anos, pode ser lida neste artigo que escrevi para o excelente blog do meu amigo Viver de Renda.

Entretanto, não deixa de ser curioso notar que o atual valor negativo no desvio em relação à tendência sinaliza o que foi o ano 2010. Bolsa praticamente no zero a zero e juros subindo. Portanto, quem se posicionou com maior alocação em Renda-Fixa conseguiu manter bons resultados no ano, a despeito daqueles que concentraram seus investimentos no Ibovespa.

2. Momentos de Pânico e Euforia no Ibovespa

Como já diziam: “Renda Variável é Variável”. Com esta simples frase resumimos a volatilidade do Ibovespa. Ao longo destes 16 anos, o índice desviou-se bastante de sua tendência, de sua média de retorno. Que tal analisarmos todos estes períodos de maior desvio em relação à tendência?

1994 (Euforia) [+46,35%] – Período de estabilização da economia com o Plano Real, colocando o Brasil em um patamar de maior respeito internacionalmente. Com maior controle de inflação, era possível realizar planejamentos melhores devido à menor incerteza. Tal fato ajudou a direcionar investimentos para a bolsa de valores, fazendo com que o índice tivesse um rápido avanço no 2º semestre de 1994.

1995 (Pânico) [-32,63%] – Crise do México. Peso mexicano se desvaloriza -60% em apenas 15 dias, espalhando o pânico na economia mundial.

1997 (Euforia) [+69,77%] – Forte recuperação da economia mundial.

1998 (Pânico) [-25,73%] – Crise financeira Asiática. A megadesvalorização do câmbio acabou provocando uma enorme saída de capital com correspondente redução das reservas destes países. A moratória russa veio para acentuar o problema, causando uma grande desvalorização nos mercados acionários destes países. Somente no dia 23/10/1997, a Bolsa de Hong Kong caiu -10,4% e o Ibovespa -8,15%.

1999 (Euforia) [+57,64%] – Este ano foi marcado como a revolução da era da informação. Diversas companhias abriam capital nos EUA a preços muitas vezes acima do seu valor real. Investidores estavam ávidos pelos retornos rápidos das ações de tecnologia e pela mudança que a internet iria provocar no mundo. De fato, eles não estavam errados quanto aos futuros impactos. Porém, é sempre bom lembrar: “Tudo tem seu preço”.

O IPO de 700%. Foi neste ano de 1999 que tivemos um dos IPOs mais rentáveis da história. VA Linux, começou o dia ao preço de U$ 30,00 por ação, chegando a alcançar no mesmo dia U$ 320,00 [1066,67%] e terminando o dia valendo U$ 239,25 [697,50%]. Muitos acreditavam que a Linux é a próxima Microsoft…Fail?

No final de 2002 (9/12), esta mesma ação estava sendo negociada a U$ 1,19 por ação, uma desvalorização de -99,50%.

“I can calculate the movement of the stars, but not the madness of men” – Isaac Newton

2002 (Pânico) [-50,98%] – Auge da crise causada pelo estouro da bolha da tecnologia. Muitas ações como a Linux tiveram grandes perdas acionárias e a maioria faliu. O próprio índice da Nasdaq sofreu uma enorme perda [quase -80%] neste período entre 2000-2002.

2008-Maio (Euforia) [+54,74%] – Quem não se lembra do Investment Grade? As perspectivas maravilhosas para a Bolsa? Corretoras jogando o upside da bolsa para 85.000 pontos? Alguns apostando em 100.000 pontos já em 2008, outros em 2009? Pois é…Valores hoje que muitos não se atrevem a cogitar.

2008-Novembro (Pânico) [-27,90%] – Esta é bem recente hein pessoal. É provável que 90% dos leitores deste artigo tenham passado por ela. Vimos o Ibovespa cair -60% em apenas 5 meses. A volatilidade era enorme. A velocidade da queda em alguns dias era tanta que tivemos o acionamento do Circuit Breaker neste período.

Movimento Cíclico. Podemos observar que, embora tenhamos uma média de retorno do Ibovespa no longo prazo, seu retorno em períodos mais curtos encontra-se repleto de ruídos e distorções.

Conclusão

Um aviso importante. Lembrem-se que estamos olhando o passado para nos guiar rumo a um planejamento mais sólido no longo prazo, porém, nunca devemos tomar o que ocorreu como predição para o futuro. A própria análise da regressão é dinâmica e, ao fazer esta análise 10 anos atrás, teríamos um gráfico totalmente diferente. Quanto maior o período do gráfico, mais consistente a análise é.

Futurologia? É impossível prever qual é o melhor momento para entrar e sair da Bolsa. Essa é uma estratégia de iniciantes, àvidos pelos altos retornos e por acreditarem que é possível dominar o mercado. Melhor do que ficar o dia inteiro acompanhando gráficos e notícias, você pode se “render” ao mercado e focar somente na alocação de sua carteira, balanceando-a de tempo em tempo.

Já faz um tempinho que venho utilizando a Alocação de Ativos como estratégia e posso dizer que só ganhei:

1. Tempo: Ao contrário do que meu amigos pensam na faculdade, eu tenho o costume de olhar o mercado apenas semanalmente. Não assino nenhum jornal, nem acompanho sites de notícias. Não perco tempo com ruídos. Já parou para pensar que 99% das informações que você geralmente lê nestes sites é ruído? É muito raro encontrar um notícia que realmente faça a diferença em termos de alocar sua carteira.

2. Tranqüilidade: Poder dormir bem sabendo que sua estratégia é bastante eficaz em reduzir os riscos do mercado não tem preço. Colocar a carteira em piloto automático e viver a vida!

3. Retorno: Paradoxal, mas é somente se rendendo ao mercado que você começa a batê-lo. Seja seu benchmark o CDI, o Ibovespa, o CSHG Verde (rsrs) é somente se libertando desta “obrigação” de vencer o mercado que você obtém melhores resultados.

E porque não utilizar os benefícios da alocação de ativos junto com esta análise da regressão à tendência? Deste modo, podemos estar mais precavidos de situações de desvios extremos em relação à tendência que podem ter maior probabilidade de reverterem para sua média.

Se você investe com foco no longo prazo e acredita que o retorno dos ativos tendem a seguir uma tendência no longo prazo, a análise da regressão do Ibovespa pode ser útil para possíveis mudanças da alocação da carteira. O momento atual sugere um patamar neutro para a Bolsa. E como será que este gráfico estará em 2011?

Melhor do que tentar fazer este exercício de futurologia, devemos nos planejar para diversos cenários. Eu já me planejei e você?

3 razões para não investir todo seu capital em ações [Parte III]

Vimos na parte II desta série que investir todo o seu capital em ações é perder ótimas oportunidades em outros investimentos, como garantir um retorno de 30% ao ano investindo em LTNs em 2003 ou garantir uma retorno de 18% a.a ao investir em NTN-F com vencimento em 10 anos, ambos investimentos com baixíssimo risco.

Nesta última parte da série iremos abordar o 3º motivo pelo qual não sou favorável a investir 100% em ações.

3º motivo

  • O rendimento das ações nem sempre será superior ao da Renda-Fixa no longo prazo.

Muitos investidores, ao investir todo o seu capital em ações, se baseiam na hipótese de que esta classe de ativos terá o maior retorno de longo prazo, não sendo a diversificação uma opção viável, já que só diminuiria o retorno esperado de seus investimentos.

Entretanto, embora de fato as ações tendem a ter um maior retorno esperado no longo prazo, existem momentos em que o investidor deveria olhar melhora a relação entre Renda Variável e Renda Fixa, visando analisar quais estão com melhores perspectivas para o médio / longo prazo.

Estudar esta relação é importante, principalmente em nosso país, em que as taxas de juros sempre foram consideradas altas demais. Temos uma das maiores taxas nominais e reais do mundo. Como de costume aqui no HC Investimentos, trago uma detalhada análise sobre esta relação. Acompanhe abaixo.

Equity Risk Premium no Brasil

Olhar o passado e ver o quanto as ações pagaram acima da renda-fixa é importante para nos trazer pistas sobre o quanto estamos dispostos a receber a mais no investimento em ações para abidicar da tranquilidade do investimento em Renda-Fixa. Tecnicamente falando, para correr maior risco investindo em ações, qual deve ser meu prêmio (retorno acima da Renda-Fixa) para compensar este maior risco?

Temos que, no mercado americano, o ERP (Equity Risk Premium) tem se situado perto dos 6% a.a. Ou seja, o mercado de ações dos EUA paga 6% a.a acima do rendimento da Renda-Fixa. A fonte dos dados pode ser encontrada no livro Asset Allocation, Balancing Financial Risk, nas páginas [54 – 56] , com dados desde 1926 até 2005.

  • Como calcular o Equity Risk Premium?

Simples. Basta calcular a rentabilidade anual histórica do mercado de ações e subtrair da rentabilidade anual (no mesmo período) da Renda-Fixa. No nosso caso, utilizamos a taxa Selic como referência.

E aqui no Brasil, vocês imaginam qual é esta relação entre o retorno das ações e da Selic desde julho de 1994, período pós plano-real?

Ao contrário do que muitos imaginam, o equity risk premium no Brasil é negativo, no valor de -1,55%. Ou seja, o mercado de ações, além de oferecer maior risco também ofereceu menor retorno. Logo, o investidor que, desde 1994, colocou sua poupança em investimentos atralados a Selic teria um rendimento bem mais favorável e com um risco bem menor.

A rentabilidade anual do Ibovespa desde julho de 1994 até setembro de 2010 foi de 19,93%. A rentabilidade baseada na taxa Selic, neste mesmo período, foi de 21,48%. Portanto, temos o ERP de -1,55%.

Entretanto, o valor do ERP, assim como todas as variáveis da economia (e por isso o nome variável), muda conforme o tempo. Analisando o retorno dos últimos 12 meses do Ibovespa em relação à taxa Selic, temos hoje um valor positivo de 4,99%. Porém, como é possível notar no gráfico, esse valor costuma flutuar entre +73,90% (percentil 95) e -54,78% (percentil 5). O que é um percentil?

Observações

1. Os juros na década de 90. Mesmo após o plano real, os juros no Brasil ainda eram muito altos, o que não incentivava o investimento em ações. Embora hoje os juros tenham caído em relação aos patamares passados e o mercado de capitais tenha se desenvolvido nos últimos 15 anos, ainda temos uma das maiores taxas de juros nominais e reais do mundo.

2. Juros EUA x Juros Brasil. É preciso muito cuidado ao se basear em um estudo do mercado americano e usá-lo aqui no Brasil. Veja que eles possuem hoje títulos de duração de 5 anos com taxas próximas de 1,15% [fonte]. Aqui, nossos títulos de curto prazo (LTNs), pagam taxas em torno de 12% [fonte]. Uma grande diferença não é mesmo?

3.  Comparando o Equity Rrisk Premium. Embora o nosso mercado de ações tenha um retorno esperado maior do que os EUA, é preciso avaliar o spread (diferença) entre o retorno esperado em ações e taxas na Renda-Fixa. Logo, vamos fazer um simples exercício, supondo alguns valores.

Nos EUA, temos a RF pagando 1,15% a.a e o mercado de ações oferecendo um retorno esperado de 9% (perto de média histórica de 8,89%) [fonte].

Aqui no Brasil temos RF pagando 12% a.a e o mercado de ações oferecendo um retorno esperado de 18% (o dobro do mercado americano, porém, um pouco abaixo da média histórica).

Portanto, nos EUA temos um spread em torno de 8% (acima do ERP histórico de 6%) enquanto aqui temos um spread de 6% (lembrem-se que desde 1994 o ERP é negativo, no valor de -1,55%). Ou seja, mesmo sendo conservador nos resultados, temos uma atratividade bem maior para se investir em ações nos EUA do que aqui no Brasil. Talvez por este motivo temos menos do que 2% da população investindo em ações e lá, mais de 50%.

Conclusão

Não devemos medir o Equity Risk Premium do Brasil com a régua americana.

Ou seja, olhar para os estudos históricos feitos por excelentes e renomados estudiosos sobre o tema nos EUA tem pouca influência sobre o que podemos esperar desta relação entre Ações e Renda-Fixa no nosso mercado. A elevada taxa de juros em nosso país não deve ser desprezada na hora de se avaliar quais ativos devemos investir visando o longo prazo.

Questionamentos. Será que realmente não compensa diversificar um pouco sua carteira de investimentos? A Renda-Fixa no Brasil paga ótimas taxas com um risco muito pequeno. Os Fundos Imobiliários pagam aluguéis mensais isentos de IR com ótimo yield, na maioria das vezes superior às taxas encontradas nos títulos públicos.

Uma lição de Warren Buffett. Até mesmo no livro The Intelligent Investor, Benjamin Graham, grande mentor de Warren Buffett, recomenda investir no máximo 75% em ações e o restante (25%) em Renda-Fixa. Diversificação é importante para que possamos nos abster de ter a certeza de que o mercado de ações terá o maior retorno nos próximos 10, 15 e 20 anos. Além disso, diversificar é poder dormir tranquilo à noite, mesmo observando a bolsa despencando -60% em apenas 5 meses (crise de 2008).

Equacionar a relação entre retorno e risco para cada investidor é uma arte difícil de se dominar. Entretanto, ao investirmos em várias classes, aproveitando seus melhores momentos, estamos dando um passo à frente na famosa fronteira eficiente de Markowitz.

Make things as simple as possible, but not simpler – Albert Einstein

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3 razões para não investir todo o seu capital em ações [Parte II]

Investir em uma única classe de ativos (ações) é como fazer uma aposta de que ela terá melhor desempenho no longo prazo. Vimos na parte I desta série que nem sempre as ações apresentam bons retornos no longo prazo, o que faz muitos investidores abandonarem suas estratégias no meio de um grande crash do mercado, perdendo grande parte do seu suado dinheiro advindo de anos de trabalho.

Além deste fator, investir apenas em ações é abdicar ótimas oportunidades de investimentos fora do mercado de ações. Títulos Públicos, Debêntures, Fundos Imobiliários, Dólar, Euro, Ouro. Todos estes investimentos também passam por fases otimistas e pessimistas, argumento totalmente relacionado com o 2º motivo para não investir todo o seu capital em ações.

2º motivo

  • Investir apenas em ações é perder ótimas oportunidades em outros investimentos

Retornos Anuais

Acompanhe na tabela abaixo a rentabilidade anual de alguns investimentos selecionados.

Tabela histórica dos retornos e riscos de diversos investimentos desde janeiro de 1999 e observações importantes:

1. A volatilidade da Bolsa. Destaquei em cada ano o maior e o menor retorno. Percebam que somente em 2010 a Bolsa não figura entre os destaques positivos e negativos. Resumo: Haja volatilidade!

2. Relação Retorno x Risco. Desde 1999, a bolsa possui de fato o maior retorno, de 908,74% acumulado e 21,24% anual. Entretanto, também possui o maior risco anual, de 28,88%. Maior retorno, Maior Risco. Difícil fugir desta relação. Afinal, “there’s no free lunch”.

3. Metal Dourado rende mais que CDI. O 2º lugar, surpreendentemente, não é o CDI, mas o Ouro. Nesta última década o metal ganhou bastante destaque e pode-se até argumentar sobre um processo de bolha.

4. Risco CDI x Risco Bolsa. Notem o risco do investimento no CDI. Apenas 1,36% anual. Ou seja, ganhar 16% ao ano com um risco tão pequeno é bastante atrativo. Mesmo que o retorno seja menor do que a bolsa, o risco é mais de 20x menor.

5. A diversificação para reduzir risco. Acho que a lição mais importante desta tabela é: Não é possível adivinhar qual será o melhor ativo em 2010, 2011 e assim por diante. Cada ano temos novas surpresas. Pode ser o CDI, Dólar, Euro, Ouro ou Bolsa. Melhor do que apostar em apenas um ativo, podemos fazer mix entre estes visando melhorar nossa relação entre retorno e risco. Só um mix de CDI com Bolsa já poderia reduzir o risco da Bolsa pela metade, (em torno de 15%) baixando o retorno de 21,24% na Bolsa para 18,62% do mix (50% Bolsa e 50% CDI).

Portanto, será que não vale a pena deixar de ganhar em torno de 2,5% ao ano para ter uma maior tranquilidade, reduzindo o risco da Bolsa pela metade? Isso porquê não estamos considerando o verdadeiro poder da alocação de ativos, analisando as correlações e os rebalanceamentos.

Que tal relembrarmos alguns dos melhores momentos dos investimentos, excluindo o mercado de ações?

Melhores Momentos

Melhores Momentos de determinados Investimentos, cronologicamente:

1. 2000 (Dólar | Euro | Ouro) – A euforia da década de 90 e o frenesi em torno das ações de tecnologia estava chegando ao seu auge. Proteger-se desta bolha com Dólar, Euro e Ouro foi bastante sensato nos próximos 3 anos, instalada a instabilidade mundial. Ao investir nestas classes, os investidores conseguiriam dobrar seu capital após 3 anos (início de 2000 até o início de 2003), enquanto, ao investir na bolsa, o investidor perderia quase -35% de seu capital. Uma perda desta em 3 longos anos de investimento poderia facilmente afugentar iniciantes, cuja paciência e disciplina ainda não está bem trabalhada para suportar este tipo de evento.

2. 2003 (Títulos Públicos) – Você sabia que no início de 2003 era possível investir em LTNs com taxas superiores a 30% ao ano? Elevada rentabilidade com risco quase inexistente. O único porém seria o risco de calote do governo.

3. 2003-2006 (Fundos Imobiliários) – Lançamento de alguns dos Fundos Imobiliários mais rentáveis no Brasil. O Shopping Pátio Higienópolis (SHPH11), lançado em 2003 (segundo dados da Brazilian Mortages) teve sua cota multiplicada por 4x desde seu lançamento até hoje e garante hoje um rendimento mensal de 1,77% (distribuição mensal / valor da cota de lançamento). Outro fundo vencedor, o Hospital da Criança, lançado em 2005, garante hoje uma rentabilidade mensal apenas com os rendimentos de 2,10%. O valor da cota no lançamento, que era de R$ 100,00, hoje está em torno dos R$ 300,00, um ganho de 3x.

4. 2008 (Títulos Públicos, Dólar, Ouro, Fundos Imobiliários) – Neste ano, com a Bolsa beirando os 74.000 pontos, no seu topo histórico e com o Dólar perto de R$ 1,50 as oportunidades para hedgear os investimentos com ativos contra-cíclicos era ótima (muito fácil ao olhar em retrospectiva, porém, no momento os argumentos não eram tão claros…). Com a intensificação da crise, o Dólar disparou para R$ 2,50. O Ouro praticamente dobrou de valor algum tempo depois e muitas oportunidades apareceram.

Títulos Públicos (NTN-F) com taxa de 18% a.a para investimentos de 10 anos, títulos indexados ao IPCA com taxa de 11% a.a + IPCA (NTN-B Principal 2015). Rendimentos nominais e reais bem altos que poderiam ser aproveitados por investidores de longo prazo mais conservadores, buscando evitar um pouco o sobe e desce da bolsa.

Em 2008, o importante era ter liquidez em mãos. Como a maioria dos investidores tomou o caminho contrário, vendendo seus ativos de risco para pagar dívidas que não paravam de crescer ou porque ficaram assustados com o mercado, ótimas oportunidades apareceram para quem tinha liquidez em mãos. Aqui vale a máxima das crises: “Cash is King”. Com ativos de fácil conversão em dinheiro em mãos você pode escolher o que e quanto irá comprar, montando uma sólida base para uma carteira de longo prazo.

Conclusão

Ao diversificar seus investimentos você  evita se limitar apenas a uma classe de ativos (ações), podendo escolher uma grande gama de ativos, visando aproveitar diversas oporuntidades que não são encontradas somente no mercado de ações.

Através da alocação de ativos você pode reduzir seu risco sem reduzir muito seu retorno. A relação entre retorno x risco irá melhorar, consequentemente elevando a probabilidade de você se manter firme em sua estratégia de investimento de longo prazo, entre crise, saia crise.

Acompanhe o site HC Investimentos em diversas mídias sociais:



3 razões para não investir todo o seu capital em ações [Parte I]

No mercado financeiro, é bastante comum encontrar pessoas que investem todo seu capital em ações. Geralmente, são investidores jovens que fazem suas compras baseadas na Análise Fundamentalista, concentrando seus investimentos em poucas ações, visando ter um maior retorno de longo prazo. A outra minoria, prefere indexar seus investimentos à índices, utilizando ETFs, como o BOVA11, PIBB11 e SMAL11.

Particularmente, não sou favorável à esta estratégia, mesmo sendo jovem (22) e tendo um conhecimento razoável de Análise Fundamentalista e Valuation. É por esta razão que lrei listar ao longo deste série 3 motivos que todo investidor deveria levar em conta na hora de investir 100% em ações.

A intenção deste artigo é causar uma reflexão através de fatos. Não é meu objetivo fazê-lo mudar sua estratégia. Somente você poderá decidir o que funciona e é melhor para seus investimentos. Entretanto, é sempre bom escutar opiniões contrárias, já que podem mostrar possíveis pontos fracos de nossas estratégias.

Vamos conhecer o 1º motivo para não investir todo o seu capital em ações?

(mais…)

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