Como disse anteriormente, eu utilizo o método de Alocação de Ativos para guiar meus investimentos. A primeira vez que li sobre o tema foi no excelente fórum do Invesdor Agressivo (IA), hoje Fórum do Investidor. Desde então busquei estudar e compreender melhor o tema.
Os conceitos que irei transmitir aqui foram baseados na leitura do livro All About Asset Allocation. Sem dúvida, um dos melhores que já li sobre o mercado.
Alguns conceitos-chave sobre Asset Allocation:
1. Diversificação reduz a chance de uma grande perda.
2. Rebalancear o portifólio controla o risco.
O nosso dever como investidor é sempre buscar o melhor investimento que se adeque ao nosso perfil de risco, permitindo alcançar nossas metas.
Alocação de ativos significa construir uma carteira composta de diferentes classes, como Ações, Renda Fixa, Câmbio, visando obter o melhor retorno possível para um dado risco.
Devemos estabelecer, com base em nosso perfil, a porcentagem em que iremos nos expor à estas classes. Por exemplo: Pessoas mais conservadores e com um pequeno horizonte de tempo podem direcionar a maioria de seus investimentos para a Renda Fixa, já que esta se adequa à sua pequena aversão ao risco, além da adequação ao prazo, não estando sujeita a maior volatilidade dos outros investimentos.
Definir a alocação entre os ativos, tomando como base o nosso perfil é essencial. Estudos (em pdf) já mostraram que 90% do retorno de um portifólio dependem de sua alocação. Muito mais importante do que o timing para entrar e sair dos investimentos é nossa exposição à estes.
O “segredo” da Alocação de Ativos está no rebalanceamento das classes. Ou seja, quando a porcentagem das classes se desviarem da sua porcentagem original devemos rebalancear nossa carteira, trazendo esta novamente para a alocação original.
Por exemplo: Tomemos uma carteira com 50% em Bolsa e 50% em Dólar. No final do 1º ano a Bolsa se valorizou 20% e o Dólar -10%. Neste caso devemos vender os excedentes em Bolsa para compor a parte que falta em Dólar. Deste modo estamos trazendo a carteira novamente para sua alocação inicial.
Para facilitar a explicação das vantagens do rebalanceamento vou utilizar imagens, simulando uma carteira sem realocar e outra realocando.
Temos 2 investimentos hipotéticos com grande volatilidade, fazendo com que nosso retorno composto nos investimentos isolados seja de 3,9% enquanto a média simples destes é de 5%.
O que quero chamar atenção aqui são os benefícios da realocação. Enquanto o portifólio com 50% A e 50% B (sem rebalancear) ficou com 3,9% de retorno composto, o portifólio que realocou teve 5% de retorno composto.
- O rebalanceamento em detalhes:
Enquanto o portifólio A tem um retorno total composto de 8% o B tem um retorno total composto de 10,25%.
Conclusão: O rebalanceamento se sustenta na teoria de regressão à média. Isso significa que cada investimento tem seu risco específico, asim como retorno, e que ao longo do tempo este segue as suas tendências naturais de movimentação.
Rebalancerar nossa carteira nos ajuda a tirar proveito de mercados muito otimistas e pessimistas, o que seriam movimentos erráticos (fora do normal) nas tendências naturais desse investimento.
No próximo post irei mostrar como a correlação entre os ativos pode nos ajudar a montar um portifólio melhor.
Comentários em: "Introdução à Alocação de Ativos (Asset Allocation)" (17)
Discordo que o segredo da alocação de ativos está no rebalanceamento. Mesmo se os ativos tiverem a mesma expectativa de retorno, a diversificação em si já diminui a volatilidade mantendo o retorno (desde que possuam correlação menor que 1). Pra mim essa é a verdadeira vantagem da alocação de ativos, poder diminuir o risco numa proporção maior do que se diminui o retorno.
Eu acho o rebalancemento importante unicamente como método para controlar risco. O bônus do rebalanceamento nem sempre existe, para isso só precisamos imaginar duas classes de ativos diferentes em períodos bulls/bears bem prolongados… exemplo clássico de “feeding the bear” kkk… algo possível mesmo com a regressão à media. Esse risco fica ainda mais exacerbado se o portfolio tiver retiradas mensais em virtude do risco de retorno de ativos com alta volatilidade.
IF, entendo seu ponto de vista em relação à períodos com uma tendência muito forte, fazendo com que uma realocação até mesmo prejudique o portifólio em geral.
Sempre haverá um momento em que um investimento será a “bola da vez”.
Década de 70: Commodites (se beneficiaram amplamente da alta inflação).
Década de 80: Ações Japonesas
Década de 90: Ações EUA
Na década atual podemos ressaltar o crescimento dos chamados “emergentes”, ou seja, países que ainda estão desenvolvendo o conceito de uma economia “free-market”, bem como ainda tem muito o que evoluir em seus mercados.
O que quero enfatizar é que dificilmente sabermos qual será o melhor investimento do próximo mês, do próximo ano, da próxima década, mas se estivermos alocados em alguns deles poderemos nos aproveitar de seus movimentos.
E mesmo em uma queda prolongada (como as ações japonesas desde o início da década de 90) as quedas não são lineares, havendo uma recuperação para quedas posteriores.
Além disso, como dito no final do artigo, o rebalanceamento se sustenta nas tendências naturais dos ativos. Certamente haverá épocas em que o mercado o avaliará mais otimista e mais pessimista.
O rebalanceamento nos ajuda a tirar proveito desses momentos (comprando nos pessimistas e vendendo nos otimistas).
Caso tenhamos uma postura mais ativa (seria o pensamento do tipo: se este investimento está em longa tendência de queda, então porque mantê-lo?), definindo a porcentagem em cada investimento baseando-se através de nossas premissas, devemos estar cientes que este viés pode acarretar em perdas caso nossas premissas estejam erradas.
Outra solução que pode ser adotada é prolongar o rebalanceamento em situações em que você acredite que haja uma tendência muito forte, mas novamente deve estar ciente da influência deste viés no desempenho da carteira.
Cada portifólio é único e portanto, os ativos que irão preencher este devem ser escolhidos de forma a se adequar ao perfil da pessoa.
Caso haja necessidade de retiradas mensais devemos adequar nosso portifólio para isso. Uma solução seria diminuir a parcela em Renda Variável e buscar alocar mais em RF.
Sobre correlação pretendo mostrar no próximo post os benefícios de possuir investimentos negativamente correlacionados na diluição do risco.
Continuo acompanhando de perto suas escritas!
Grande Abraço!
O rebalanceamento leva a um aumento das perdas no caso da continuidade da queda de um dos ativos e leva a um retorno mais alto no caso contrario do “retorno a média”. Não rebalancear diminui a chance de queda maior do portfolio em caso de prolongamento do bear market de um dos ativos, mas não haverá o efeito do aumento do ganho, em caso de retorno a media. Acho que o importante é que cada classe de ativos seja “confiável” e agregue valor ao portfolio. Não me sinto por exemplo hoje em dia confortavel em comprar dolar ao passo que ele vai caindo pois não tenho confiança nos fundamentos macroeconomicos do Dollar
Olá amigo!
Também compartilho com sua visão do Dólar no longo prazo. Entretanto, sabemos que esta situação não é recente e o portifólio que não tinha dólar em 2008 pode ter tido problemas devido à falta de um hedge, ao menos que parcial.
Uma solução para este visão seria diminuir a porcentagem em Dólar (mas nunca abandoná-la) e aumentar a porcentagem de Ouro (também funciona como hedge cambial).
Afinal, o Dólar, mesmo com todos os seus problemas ainda é Liquidez, e caso haja uma intensificação da crise é para lá onde os investidores devem correr.
A pergunta que sempre irá nos pertubar é: Até quando o Dólar será um refúgio de liquidez para os investidores?
Grande Abraço!
Tanto o texto quanto os comentários estão ótimos! Henrique, vc está de parabéns, pois consegue explicar de forma simples um assunto complexo para nós, leigos no assunto.
A alocação de ativos é uma ferramenta muito importante para um portfólio qualificado de investimentos, pois permite controlar melhor o dinheiro, e ajustá-lo às nossas próprias metas.
É isto aí!
Um grande abraço, e que Deus lhes abençoe!
Hotmar,
Obrigado novamente pela sua participação!
Nos próximos posts pretendo explicar mais detalhadamente todo o processo ao redor da Alocação de Ativos.
Grande Abraço!
[…] Também estaremos avaliando os benefícios do rebalanceamento ao longo do tempo, testando diferentes abordagens. No caso, iremos testar o rebalanceamento através dos desvios percentuais e o não-rebalanceamento, ou seja, não mexer no portfólio. Para maiores detalhes sobre como rebalancear uma carteira veja um artigo passado aqui. […]
[…] Sobre alocação de ativos, deixo aqui os links para um artigo do Investimentos e Finanças, e para outro artigo do Henrique Carvalh, do blog HC Investimentos, ambos bastante didáticos, que lhe darão uma melhor noção a respeito de tão importante tema […]
[…] Introdução à Alocação de Ativos (Asset Allocation) […]
[…] Dessa forma, algumas dicas são sempre oportunas de serem dadas: não coloque todo seu patrimônio em Bolsa, mantenha uma permanente e boa reserva em renda fixa, ainda que você seja jovem, e, mesmo dentro da Bolsa, diversifique seus ativos. Além disso, saiba qual é a porcentagem que você possui, em seus investimentos, entre renda fixa e renda variável, fazendo os balanceamentos necessários quando ocorrer, num dado período de tempo, uma discrepância muito grande na proporção que você tiver estabelecido. Como diz Henrique Carvalho, em um artigo exemplar sobre alocação de ativos: […]
[…] aqui as lições didáticas bem expostas por Henrique Carvalho, no artigo denominado “Introdução à alocação de ativos (asset allocation)” no HC […]
Bem interessante o artigo, apenas não entendi o seu cálculo do “retorno composto”
– na primeira imagem como vc chegou no valor de 3,90%?
– na segunda imagem como vc chegou no valor de 3,92%? Vc fez uma média entre 5% (valor de rentabilidade do 1º ano ) e 2,68% (valor de rentabilidade do 2º ano)?
Parabéns pelo trabalho! Sugestão: disponibilizar a planilha excel para entendimento dos cálculos.
Abraços,
Julio
Olá Júlio!
Sobre o cálculo de juros compostos não deixe de fazer o download de nossa planilha (neste post) para compreender melhor o método utilizado.
Veja também esta planilha (neste post) que faz o cálculo do retorno composto anual e mensal a partir do retorno composto total.
O retorno composto nas imagens significa o retorno composto anual, que são diferentes das médias de retorno anual.
Procurei a planilha porém não achei aqui…rsrs
Este é um assunto que certamente será revisitado aqui no blog, com artigos mais claros, simples e com apoio de planilhas.
Grande Abraço!
Olá Henrique,
Desculpe mas ainda não tendi! A minha dúvida não está em: como calcular juros compostos e sim em entender o que você está caracterizando como “retorno composto”, pois pelo que verifiquei o cálculo dos juros compostos você identificou na imagem 2 como “Retorno Total”, desta forma, não entendo o que você está querendo dizer com o termo “retorno composto” com um valor bem inferior aos juros compostos do período.
Tentei reproduzir em Excel a mesma lógica dos seus cálculos (baseados nas 2 imagens acima), porém não encontrei exatamente os valores que você caracteriza como “Retorno Composto”, e também não sei se é bem isso que você está caracterizando, gostaria que se possível você analise esse Arquivo e faça seus comentários.
Agradeço sua atenção e desculpe pela insistência.
Abs
Julio
Olá Julio!
Veja neste arquivo as mudanças que fiz nos cálculos. O retorno total composto de 8,00% equivale a 3,92% anual.
No arquivo o número utilizado foi de 3,90%. De fato está errado. Eu retirei o valor do livro All About Asset Allocation (3,9%) e aumentei uma cada decimal que daria 3,90%. Aí está o erro, já que o cálculo correto é 3,92%.
Obrigado pela correção. Mas veja que o problema mesmo era só anualizar o retorno total, o que está explicado na planilha sobre retorno composto mensal e anual.
Eu que agradeço sua atenção e pelo tempo em organizar a planilha.
Grande Abraço!
Muito bom este artigo camarada Henrique! Bem didático. 😛
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Agradeço o link para o estudo em pdf. Este assunto, asset allocation, muito me interessa, hehehe.
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Abcs
Não há de quê Willy!
Também adoro este assunto. Na minha visão, o mais importante para o investidor de longo prazo!
Grande Abraço!